Dialogando com Marcio - @antigourmet
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0.000 HBDDialogando com Marcio - @antigourmet
 Hoje faço post em diálogo com [@antigourmet](https://steemit.com/@antigourmet) - [Suicídio não é fuga as vezes é a unica saída](https://steemit.com/pt/@antigourmet/suicidio-nao-e-fuga-as-vezes-e-a-unica-saida-reflexao). Li a carta e o post. Que sofrimento. É difícil formular argumento sem questões para direcionar. Também comentar um caso e fazer diagnóstico, é preciso ser realizado da experiência real, das trocas entre o médico e o paciente. Mas pelo geral, para discutir o caso e o assunto, vou abordar alguns pontos. O suicídio em grande maioria das vezes é um ato causado por alguma doença. Não é um evento isolado. É a etapa final de uma cascata de eventos, que oferecem possibilidades de intervenção antes do ato final. É muito triste um caso como esse. Vivemos uma epidemia silenciosa. E infelizmente veremos cada vez mais casos assim. Como o mesmo traz em sua carta, sua existência é marcada por uma angústia insuportável, muitas vezes na falta de encontrar significados para essa marca na alma, através de transformar pensamentos e sensações em palavras, alma no sentido fenomenológico. Essa angústia vem se tornando cada vez maior, já que as palavras que são enunciadas de um sujeito que fazem essa função de aliviar essa angústia. Estamos vivendo em uma época de muitas palavras em imagens, poucas enunciadas, muitos estímulos, mas pouca fala, poucas trocas sociais. Estamos em um tempo de muitas exigências, muito prazer, muito individualismo, muita informação, mas poucas palavras de sentido, de diálogo e de compreensão. Tempos de poucas palavras dirigidas e ouvidas entre um e outro, sobra palavras vazias. Usamos as palavras para dar sentidos às nossas sensações e percepções, mas elas só têm sentido quando ouvidas e acolhidas por alguém. É aqui que o moralismo extremo mais atua de forma negativa. Julga-se automaticamente só pelo que se vê, não se busca compreender diferentes perspectivas, os contextos de cada situação. Generaliza-se e se distancia do real, as custas de um ideal imaginário. Os conceitos são palavras mortas, delimitam uma ideia ideal, mas não resume a experiência real de um acontecimento. Quando nascemos nós formamos de passo em passo, orgânico e psiquicamente, ao mesmo tempo. Uma arquitetura que podemos chamar de estrutura psíquica. Essa estrutura é responsável pela nossa relação com a gente mesmo, com o meio social, e com o meio físico. Quando essa estrutura não cumpre alguns passos primordiais, ocasiona em algumas formas de existir, que de acordo com a medicina por ser causado por sofrimento orgânico, orgânico no sentido monista, são classificados em categorias de transtornos mórbidos. Dessa arquitetura se dará a construção do pensar consciente e inconsciente. Aqui no sentido epistemológico e psicopatológico. De acordo como se apresenta o paciente ao nosso empirismo, racionalizamos em cima do conhecimento disponível, qual o conjunto sindrômico que se apresenta, para descobrir/investigar as causas e consequências de diferentes direções do existir humano. Freud deu nome, criou, inventou, uma forma de diferenciar o que chamou, no sentido psicológico, estruturas psíquicas. Criou uma linguagem como forma de conceitos para delimitar e passar suas descobertas iniciais, sempre frisou a necessidade de continuidade da sua perspectiva inaugural , com necessidade de continuidade de seus estudos. As estruturas, no sentido psicanalítico, mais comuns são as estruturas neuróticas e os psicóticas. Isso é muito confundido com subjetivação do conhecimento, pelo contrário, é uma objetificação, uma positivação. O desconhecimento da linguagem é o que que confunde os que não pretendem estudar sobre, são reféns da própria subjetivação. É o mesmo pensamento com linguagem de programação. Ela é criada pela nossa espécie com finalidades específicas, vemos de uma forma por exemplo a web, mas o que está por trás são várias linguagens incompreensíveis para quem não a estuda e conhece. O existir humano em todas estruturas, podemos reduzir a duas direções: uma em direção a vida, e a outra em direção a morte. Há uma tendência nossa natural em levar essas questões para o julgamento moral. Mas os valores morais são construídos depois dessa arquitetura de base da psique. Também os conflitos morais podem causar uma dor imensa. Essa é a grande dificuldade social, entender a relação de valores individuais aos acontecimentos sociais, muitas doenças representam o conflito psíquico desses valores. Por isso a norma social se faz pelos valores em direção a ética, e não pelos valores em si, já que o valor é uma qualidade, não quantidade. Então nesse caso do texto, que parece ser um ser humano que tem uma estrutura psíquica psicótica, teve essa arquitetura mal formada lá em sua base. Não tem um culpado em si, faz parte da dinâmica humana. E infelizmente pelas nuances da vida se encontrou com uma cultura que não teve um lugar, como o [@antigourmet](https://steemit.com/@antigourmet) bem trouxe. Mas isso não é só pela cultura de forma isolada, mesmo que tenha sempre relação, já vem de uma alteração anterior, que podemos com uma cultura inclusiva amenizar muito. É muito difícil dos pais perceberem, ainda mais quando se mistura com religião. Ao mesmo tempo que religião é um ótimo instrumento para dar lugar a muita gente. A existência humana é complicada, são inúmeros fatores, por isso a importância do SUS, da assistência à saúde como um direito social, dos serviços territorializados, de trazer esses assuntos. De ter locais para dar lugar ao existir que não está na norma, nem nunca estará. Não pela vontade, mas pelas nuances biológicas que nossa espécie têm. Como trouxe também, e na carta ele deixa muito bem, ele é muito inteligente. Pensamento psicótico há uma certeza de tudo, não há dúvida, tudo tem um sentido próprio, porém as significações formadas muitas vezes estão alheias ao real social. A inteligência em seu funcionamento melhor, qualitativo, não é a certeza de tudo, o afeto é extremamente importante à inteligência. Que nesse caso está em um funcionamento chamado de mórbido, Minkowski chamava de Racionalismo Mórbido. Nesse caso, tudo deve haver uma lógica fechada, fragmentada, sem espaço para meios termos, para o novo, para o inusitado, na inércia, sem abertura ao sentido. O existir só tem sentido a partir da busca de algo que nos falta e sempre faltará, construído na base dessa arquitetura nas etapas iniciais da vida. Existir é suportar a falta no sentido da vida, e existência é a construção desse sentido. Esse indivíduo não tem uma barreira para os objetos do mundo. O mundo invade a mente. A pessoa não sabe diferenciar a apreensão do mundo, e interpretá-lo. A apreensão é já dotada de um significado no momento da apreensão. Os instintos respondem sem mesmo poderem ser racionalizados. É um extremo sofrimento não ter controle dos próprios sentidos, sentimentos e atos. Outra coisa que ele também traz, é que toda tentativa de suicídio é grave, até se for interpretada para chamar atenção, não tira a gravidade de uma pessoa cometer esse ato por esse motivo, só demonstra o quão doente está esse alma. No final somos seres individuais e sociais, precisamos ser, precisamos ter um lugar para gente em nós mesmos e no mundo, um sentido para existir em direção a vida. A vida de todo mundo é marcado por diversos percalços, erros e acertos. Somos construídos em desejos e linguagem desde que estamos na barriga. Muitos casos como esse podem ter final diferente com uma boa assistência, e mesmo com assistência também perdemos pacientes. São casos muito difíceis, e a família é imprescindível, assim como apoio de qualquer ser humano disposto a compreender e dar um lugar ao outro. Notar a sua existência como um sujeito em sua singularidade e não como um indivíduo do meio. Por isso Lacan em sua escola não cobrava formação médica ou em psicologia, trazia que não era pré requisito para função ética do analista. Sendo um grande crítico das técnicas de terapias e análises vigentes, que fogem ao entendimento clínico de cada caso, que é único. Imagina os coachs. Freud angustiado vendo como sua teoria e técnica estava sendo desvirtuada, criou a segunda tópica do ego, superego e self. Que ficou conhecido como a Psicologis do Ego, muito difundido nas cultursd inglesas e americanas Freud trazia que para que suas descobertas tivessem sentido, deveria ter continuidade, mas muita gente está presa no século passado, a linguagem mudou e as clínicas também. Trago isso para ilustrar como os conceitos não traduzem o paradoxo da simplicidade e complexidade do existir. E sim o contexto entre o conceito, treinamento e a experiência real. A medicina e outras áreas do saber vem morrendo por se acreditar como medicina dos números, conceitos, e não de pessoas. Assim para concluir, realmente às vezes é a única saída, mas que não precisa ser. Depende da sociedade escolher entre a inclusão ou a exclusão. De investir em saúde, ou assumir os custos sociais de um capitalismo selvagem. E da psicomoral médica ou psicológica voltar a estudar para aprender o simples, a errância humana. Só assim podemos acolher o sofrimento, e tentar ajudar alguém a reencontrar o sentido próprio da vida. É a arte da clínica, que se faz a partir da transferência, do amor de Eros, ou de Deus, do amor errante, o amor humano. Parabéns por trazer esse texto. Obrigado pela reflexão. Posted using [Partiko Android](https://steemit.com/@partiko-android)
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